Os invisíveis!

RAIO X DO HOMEM INVISÍVEL

Sim, eles existem, homens e mulheres invisíveis, são produzidos pela indústria econômica capitalista, onde, mesmo os mais preparados acadêmica e profissionalmente são excluídos.

Não deixaremos isto se apagar, o Informes Brasil existe para trazer a luz, todos da sociedade e que merecem ser notícia.

NOME COMPLETO Aleksansor Hassan Ali Honse

LOCAL DE NASCIMENTO Akhizar - Turkia

DATA DE NASCIMENTO 16/12/1968

PROFISSÃO jornalista

FORMAÇÃO ACADÊMICA bacharel em Comunicação Social. Bacharel em Filosofia. Mestrado em Filosofia, Doutorado em Filosofia

FAMÍLIA Filho único, país já falecidos.


Como você chegou a situação de rua?

No final de 2019, um relacionamento de 5 anos chegou ao fim. Tudo que eu tinha - casa, carro e moto- estava no nome dela por conta dela. Aluguei uma kitnet no centro e comecei a reconstruir minha vida. Pouco depois veio a pandemia. Perdi o emprego que eu tinha em um jornal de classe e não tive mais dinheiro para as contas. Por isso vim para o País dos Invisíveis.


A vida na invisibilidade lhe dá que sensação?

Estar vivendo entre os invisíveis me propiciou ver o que há de melhor e de pior na raça humana. Muita vez, pareço uma vitrine, as pessoas passam e olham através de mim, não me notam, outras desviam o olhar, há os que mudam de calçada, desprezo e até ódio são me destinados, como se eu não devesse estar aqui sujando com minha presença a paisagem urbana. De outro lado porém conheci um lado bom, humano, altruísta e solidário de alguns que denotam seu tempo para socorrer a população em situação de rua. Pessoas que deixam suas casas, famílias, abrem mão de passeios e festas, se arriscaram mesmo nessa situação pandemica, para amenizar a dor do outro. E também a cumplicidade que há entre os invisíveis que dividem o pouco que tem com aqueles que tem ainda menos. Aqui há um lema: todos cuidam de todos.


Como são seus dias na rua?

Viver nas ruas é estar em uma montanha russa emocional. Há dias tranquilos e outros péssimos. Quando vim para cá tracei uma linha que não poderia ultrapassar: a linha da dignidade, então não me permito pedir qualquer coisa - dinheiro, comida, roupas- tudo que consigo deve vir do fruto do meu trabalho, no caso meus livros. Se os vendo eu compro comida, alugo um quarto em um hostel para passar a noite. Se não consigo, fico sem. A única coisa que não deixo de fazer é tomar banho em uma tenda armada pela prefeitura, mas isso não tem custo. Há os dias que a depressão é mais forte, dá vontade de desistir de tudo, mas pelo menos para mim, isso ainda é efêmero, então me concentro em encontrar saídas, ando mais, corto atrás de vendas e consigo me equilibrar emocionalmente. Não sou vítima de nada, sou o fruto de minhas escolhas e sei que isso aqui é transitório. Um dia encontro a porta de saída. Muitos dos que vivem aqui procuram diuturnamente essa porta. Vamos conseguir.


E as demais pessoas, quando veem que você teve uma formação mais qualificada, como lhe tratam?

os Invisíveis me tratam bem, me dão força, dizem que por ser "estudado" logo sairei daqui. Contam histórias de outras pessoas: engenheiros, advogados, administradores e até médicos que caíram e conseguiram se levantar. Isso é motivacional pra mim. Já os passantes, muitas vezes olham com espanto, e recém julgamentos. Insistem em perguntar se não foram as drogas ou o álcool que me jogaram aqui. Há um viés de preconceito nisso. Pensam que todos os que aqui estão são viciados. Isso é um erro. Não são.


Quais são seus planos e o que você precisa para realizá-los?

Meu desejo é sair daqui, alugar uma kitnet, viver com o mínimo necessário. Teto, banho, comida. Um emprego na minha área de comunicação, ter dinheiro para imprimir meus livros em uma quantidade maior e baratear o custo para o leitor. O que preciso é ter uma oportunidade ou um mecenas.


Você já procurou ajuda de amigos, parentes ou pessoas que lhe conhecem do passado?

Não tenho família, como disse sou Filho único e meus pais também eram. Não tenho tios ou primos. Meus avós maternos morreram antes de eu nascer, os paternos quando eu ainda era criança. Quanto aos amigos, se foram quando meu dinheiro acabou. Em verdade penso que nunca tive amigos de verdade, eram mais relações profissionais. E com o passar do tempo, após o choque inicial, os poucos que sobraram se afastaram. Eu também não fico insistindo, porque afinal, o único responsável por essa situação sou eu. E infelizmente as pessoas acabam por não entender que quando desabafamos, queremos apenas ser ouvidos, não precisamos de julgamentos, nosso fardo já é por demais pesado para acrescentar ainda o peso de culpas ou remorsos.


O que os que leem esta reportagem podem lhe ajudar como?

Poderiam entrar em contato comigo, adquirem algum dos meus trabalhos, são 15 já publicados. Poesia, uma antologia da banda Uns e Outros, um de psicologia infantil, outro sobre relacionamentos, um sobre violência contra a mulher, um que narro a vida nas ruas e dois romances autobiográficos. Tem para todos os gostos. Também poderiam me oferecer um trabalho que me permita sair das ruas. Por fim, um sonho, patrocinar a tiragem do meu terceiro romance, ainda inédito, que fecha a trilogia.

Após a pandemia o que você desejaria que acontecesse na sua vida?

Uma oportunidade de trabalho. Seja aqui em São Paulo onde vivo ou em qualquer lugar do Brasil, onde eu possa ter uma casa, comida e duas mais tranquilos. É o mesmo que eu desejo a todos os Invisíveis. Uma oportunidade de mostrarmos que somos capazes, que ainda temos muito com que contribuir para um mundo mais humano, mais justo, onde todos possam ter o mínimo para viver.

PARA COLABORAR COM O ENTREVISTADO, COMPRANDO SUA OBRA LITERÁRIA:

https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=162336505940276&id=108115611362366&sfnsn=wiwspmo


Link para a página da editora onde podem acessar meus livros:

https://agbook.com.br/authors/523098


O whatsapp pode ser divulgado (11) 981518718 para quem quiser adquirir os livros


E nas redes sociais:

@alekhonseescritor